sábado, 26 de junho de 2010

--- de uma vizinhança feliz ao acaso.

Cuca - decifrador de mentes e medos.

E se tirasse toda minha roupa e num rompante pela rua gritasse canções que se canta junto? Seria eu louco? Que mal há n’Isso?
Quem quer sair por aí? Quem quer descalço pisar o chão? Asfalto? Barro molhado? Areia porosamente árida? Mergulhar e suspensos solas soltas...
Quem começa? Medo… É que de repente assume em mim uma vontade de ser assim. Assim no repente do de repente.
Agora eu?Eu?Eu quem ?
E do de repente eu recomeço.
Agora,do meu suposto não começo.(Re)começo do avesso.
Eu não quero mais esse negócio...
Esqueci o que era pra ser escrito, como se houvesse roteiro
Mas quando é que aqui vida se faz previsível?
Quando é que se pode imaginar que o atual seria...
ASSIM...
É que de repente se faz sentir ISSO...

quinta-feira, 24 de junho de 2010

é os pingo da chuva me molhar.

Dormir com barulho de água é bom desde quando?
Desde que não seja uma goteira dentro do seu quarto às 2:34 da madrugada e que acabe por se transformar numa chuva inteira acima de sua cabeça,que te faça levantar e que não te deixe dormir pelas muitas horas que se seguem.
O sono vai-se embora e toda a melodia de chuva se torna um campainha irritante na mente.
A casa em silêncio.A rua em silêncio.Gritar seria uma solução.
Todos os tipos de pensamentos passeiam atrás de meus passos pela casa.
Maldizer a água é uma opção,mas que culpa tem ela que só busca uma válvula de escape?
Maldizer o teto talvés,mas ele só foi usado pela promiscuidade da água que buscava escapar de algum modo.
Mas e o meu sono?
Eu já não tinha por onde escapar.
Me entreguei aos panos e baldes que aumentaram ainda mais o toc,toc,toc,toc.
Já não era a primeira vez,mas só que dessa era bem pior.
Vi o dia nascer do sofá com olhos pregados.
Eu que sempre apreciei a chuva.
Prefiro distância do barulho de água por um bom tempo.
Mesmo sendo ele fora de casa.
Prefiro que nada me embale,mas se for preciso,me embale logo com buzinas,já que pedir sossego é pedir muito.

terça-feira, 22 de junho de 2010

ladaínha.

Numa de minhas descontraídas conversas com minha agradável companheira de lar (sempre embaladas pelo já bordão da casa "Todo amor é cíclico,de fases,como a lua...") buscávamos cada uma palavras de ordem pra si mesmo,e uma pra outra.Falávamos de erros,filosofia de bar,astrologia,ciência,crenças,medos,tudo que vem à tona em horas de descuido.
Citamos "equilíbrio","coragem","ciclos","consciência","destino".Demos uma atenção especial aos ciclos,como de costume.Até que chegamos aos porquês...
E então eu perguntei:
- Porquê?
Ela me olhou e respondeu:
- Porque seu orgulho não deixa.
Ambas rimos e o telefone tocou.

Achei real,forte e coerente.

Dei toda a razão aos astros que nos fizeram signos opostos e complementares.

sábado, 19 de junho de 2010

o Alfabeto está de luto.

"Sorriso, diz-me aqui o dicionário, é o acto de sorrir. E sorrir é rir sem fazer ruído e executando contracção muscular da boca e dos olhos.

O sorriso, meus amigos, é muito mais do que estas pobres definições, e eu pasmo ao imaginar o autor do dicionário no acto de escrever o seu verbete, assim a frio, como se nunca tivesse sorrido na vida. Por aqui se vê até que ponto o que as pessoas fazem pode diferir do que dizem. Caio em completo devaneio e ponho-me a sonhar um dicionário que desse precisamente, exactamente, o sentido das palavras e transformasse em fio-de-prumo a rede em que, na prática de todos os dias, elas nos envolvem.

Não há dois sorrisos iguais. Temos o sorriso de troça, o sorriso superior e o seu contrário humilde, o de ternura, o de cepticismo, o amargo e o irónico, o sorriso de esperança, o de condescendência, o deslumbrado, o de embaraço, e (por que não?) o de quem morre. E há muitos mais. Mas nenhum deles é o Sorriso.

O Sorriso (este, com maiúsculas) vem sempre de longe. É a manifestação de uma sabedoria profunda, não tem nada que ver com as contracções musculares e não cabe numa definição de dicionário. Principia por um leve mover de rosto, às vezes hesitante, por um frémito interior que nasce nas mais secretas camadas do ser. Se move músculos é porque não tem outra maneira de exprimir-se. Mas não terá? Não conhecemos nós sorrisos que são rápidos clarões, como esse brilho súbito e inexplicável que soltam os peixes nas águas fundas? Quando a luz do sol passa sobre os campos ao sabor do vento e da nuvem, que foi que na terra se moveu? E contudo era um sorriso."


O alfabeto está de luto,
o mundo da literatura sentirá saudades..
José Saramago
(1922-2010)

terça-feira, 15 de junho de 2010

-É quase inverno e frio já nos dá boas vindas.
O frio convida prum vinho e sorrisos abebadados.Convida pra olhares quentes e abraços apertados.Dormir quentinho,de preferência sem a ópera desafinada do despertador pela manhã.
Até convida prum samba quando preguiça não responde mais alto.
-É quase inverno.
Tempo de migrar pra alguns.E de hibernar pra outros.
Melhor seria migrar pra quentes ares ou dormir por longos meses?Cada um tem seu tempo,acho que nesses tempos,eu ,particularmente, migraria.
Sem contar que essas noites mais longas de inverno já pressupõem um certo romance.É também tempo de poesia.De música boa.De calor humano.
Pode ser tempo de reflexão pra outros,o que não deixa de ser certo.
O frio te traz férias,o despertar tardio pela fome,a luz do sol que não te deixa
adentrar o dia,o prazer do ócio - privilégio de alguns.
Frio das sopas.Dos queijos. Da casa de vó. Do cheiro de terra.Do cobertor que te espera empoeirado no fundo do armário,que aguarda um ano todo pelos seus dias de glória.Frio dos resfriados e das crises de ritine,tenho pena de quem as tem.
É quando as locadoras de video se empanturram ainda mais de preguiçosos,friorentos,românticos e desocupados.Ainda não inventaram um passa-tempo melhor de inverno do que um bom filme desconhecido,ou aquele que você aluga todo ano,na mesma época,mas que mesmo já conhecendo,ri de todas as piadas como se as ouvisse pela primeira vez,ou chora com ele.
Inverno das festas caipiras.Das trancinhas e guloseimas.Das bebidas quentes e comidas pesadas.Onde qualquer um vira padre pros mais inimagináveis casórios.Onde todo mundo volta a infância.
Inverno de nostalgia.
Tempos das botas.Das meias calças e saia.Das sandálias com meia.Dos lábios e unhas roxas.E de pensar como seria bom se você comprasse menos vestidos.
Mesmo inverno que agrada,onde o maior prazer é brincar de se esconder do frio.
Ele já bate a porta.
Separe seu vinho e um bom petisco.Colchão no chão.Cobertores pesados.Pessoas queridas.Sorrisos espontâneos ou silêncio em conjunto.O filme pode ser pretexto pra boas companhias ou a sua única companhia.De qualquer forma,você nunca está sozinho.
Então que ele chegue.
Dê-lhe também boas vindas.No fim de tudo,ele lhe trará flores...

sexta-feira, 11 de junho de 2010

terça-feira, 8 de junho de 2010

ela.



De repente eu viro criança.
Olhar dentro de seus olhos é como mergulhar num posso sem fundo de doçura e encanto.
Cara de menina,coração de menina,duras de mulher,colo de mãe.
Como já disse,sua arma é seu sorriso e seu violão seu escudo.
E eu?
viro criança..falo bobeira,faço manha e sorrio,sem querer eu sorrio.
Me conhece como poucos.
Sabe bem quando meus olhos mentem.
É ela,de quem eu gosto sem fazer esforço.
É ela,tecida com a ternura da Mãe Terra.
Doce Gaya.
E eu?
Desfruto de seus frutos.
Sempre doces,alimentam e nutrem almas.
Ao seu redor todo solo é fértil,
e a alegria impera.
Com a música.Com a poesia.Com sua própria filosofia.
E eu?
ah! me deixe por aí,ela é a estrela.
"Ninguém,nem mesmo a chuva,tem mãos tão pequenas...""

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Abraçada pelo frio me sinto protegida de todos os medos e maus pensamentos.
Acompanhada de Caeiro,me enxergo em toda sua despersonalização dramática.
Aqui,agradeço a lua que se esconde do frio por traz das nuvens
e a música da chuva que cai sem parar.
Já não quero falar de tristezas ou incertezas,entendi que meu futuro me levará ao caminho que meus passos trilhar.
Se eu atraio aquilo que eu transmito,
quero então transmitir desde a doçura do sol da manhã até o mistério do brilho da lua.
Quero que meu sorriso acalente corações e que meus abraços acalente almas.
Quero ser útil a outros,sendo assim,útil a mim mesma.

terça-feira, 1 de junho de 2010