Cá estou eu, com o pensamento longe, porém fixo.
Cá estou eu sozinha, mas em boa companhia. Acompanhada do ar, da fumaça, da cortinha florida, do meu próprio pensamento. Pensamento tão acelerado que sem nem mesmo se finalizar já se auto-reprime. Mas ele sempre acaba voltando ao mesmo ponto.
Cá estou eu.
E eu só queria um ponto. Ponto que exala encanto. E eu no meu canto.
Aí eu canto.
E danço, com todas suas conotações.
domingo, 30 de maio de 2010
sábado, 29 de maio de 2010
Romeu e Julieta X Romeu e Julieta
História X Doce
Um veio do outro, mas com que certeza?
Certeza de uma combinação que não aconteceu.
Teria mesmo dado tão certo quanto à simples junção de goiabada com queijo?
Duvido muito.
Porque amor não é um doce. O amor é cíclico.
E como acreditar num ciclo que nem começou. Da mesma forma que nasceu, morreu. Foi podado antes mesmo de poder dar certo (ou dar errado).
Romeu e Julieta. Ela podia ser neurótica e ele ruim de cama. Ou bom de cama, mas pão-duro. Ela podia descobrir ser lésbica após alguns anos de casamento. Ou ele poderia abandoná-la por uma nova paixão. E vice-versa.
Como podemos afirmar que eles teriam um “happy end” se não houve um meio?Se com a mesma velocidade que perseguiram a paixão, abraçaram a morte.
Happy end seria então, se sentar numa rede no interior saboreando um belo prato de goiabada com queijo.
Mas, sozinho?
(...)
Já não tenho certeza. Tá faltando goiabada nesse queijo.
Um veio do outro, mas com que certeza?
Certeza de uma combinação que não aconteceu.
Teria mesmo dado tão certo quanto à simples junção de goiabada com queijo?
Duvido muito.
Porque amor não é um doce. O amor é cíclico.
E como acreditar num ciclo que nem começou. Da mesma forma que nasceu, morreu. Foi podado antes mesmo de poder dar certo (ou dar errado).
Romeu e Julieta. Ela podia ser neurótica e ele ruim de cama. Ou bom de cama, mas pão-duro. Ela podia descobrir ser lésbica após alguns anos de casamento. Ou ele poderia abandoná-la por uma nova paixão. E vice-versa.
Como podemos afirmar que eles teriam um “happy end” se não houve um meio?Se com a mesma velocidade que perseguiram a paixão, abraçaram a morte.
Happy end seria então, se sentar numa rede no interior saboreando um belo prato de goiabada com queijo.
Mas, sozinho?
(...)
Já não tenho certeza. Tá faltando goiabada nesse queijo.
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Velo(cidade)
Dia corre
semana escorre
o relógio e o tempo
a cabeça e o tormento
que horas são?
semana que vem
é hoje,
é ontem,
sem pensar o futuro chegou.
Velocidade
cadê intensidade?
felicidade?
(saudade)
complexidade!
Seres do tempo
fora do eixo
Que eixo?
Me encaixo?
me queixo
Me deixo.
Já não corro,
e-s-c-o-r-r-o.
semana escorre
o relógio e o tempo
a cabeça e o tormento
que horas são?
semana que vem
é hoje,
é ontem,
sem pensar o futuro chegou.
Velocidade
cadê intensidade?
felicidade?
(saudade)
complexidade!
Seres do tempo
fora do eixo
Que eixo?
Me encaixo?
me queixo
Me deixo.
Já não corro,
e-s-c-o-r-r-o.
quarta-feira, 26 de maio de 2010
terça-feira, 25 de maio de 2010
Cardoso de Almeida - 1X7X (12.04.10)
Carros, ônibus, motos... Barulho.
De nenhuma varanda se ouve solidão mais barulhenta. Nem mais silenciosa.
O rugir do caminhão de lixo se opõe ao som imaginário do queimar do incenso.
Incenso que deixa escorrer pela mesinha e pelo chão seu pó cinzento e perfumado. Diferente do pó cinzento que levanta da movimentada “Cardoso”.
Eu organizo o exterior pra amenizar meu interior às avessas. Limpo ambos os pós cinzentos. Um deles produzido por prazer, o outro adentra as portas e janelas sem nem mesmo se apresentar.
A TV já não me serve nem mais de abajur. Apertar seu botão central é como deixar escorrer sangue pela sala sem tapete. As boas notícias já não interessam a ninguém. Morte e desespero dão mais dinheiro e audiência.
A cortina colorida me olha triste.
O sofá macio me olha suspeito.
A fumaça do incenso tenta me dizer algo que não consigo decifrar.
E o barulho nunca cessa.
São mais carros. Diferentes pessoas. Que partem seilá pra onde. Seilá por que.
Os sorrisos do mural de fotos se embaralham transformando-se em lágrimas.
Limpo do mesmo jeito que fiz como o pó cinzento.
Volto pra varanda.
Esqueço do barulho por um segundo e me deixo abraçar pela massa que mesmo escura continua sendo o céu.
segunda-feira, 24 de maio de 2010
Argumentos na portaria.
Depois de acordar mais tarde que o normal numa segunda – feira normal, o interfone toca anormalmente e na tentativa de atendê-lo ele não funciona – o que achei normal.
Já estava de saída.
Desci as escadas avermelhadas dando rumo ao meu dia.
Ao abrir a porta vejo dois homens uniformizados e de capacete – o bolso da camisa trazia o bordado: AES ELETROPAULO. Os rostos eram simpáticos e responderam ao meu ‘bom dia’ com a simpatia esperada.
Pediram pra entrar.
Eu, como um poço sem fim de perguntas, indaguei o motivo da visita.
- A gente vai cortar a luz, moça.
Respondeu o mais novo dos homens, com um rosto naturalmente cômico e com as orelhas achatadas pelo peso do capacete.
- De que apartamento, moço? – respondi instantaneamente
- Apartamento 0X. Disse ele.
- Mas moço o 0X não pode. Retruquei rindo.
- É o seu? Perguntou ele assustado.
- Não. Disse eu – é do meu vizinho – o que não era surpresa pra nenhum dos três naquela manhã.
- Ele continuou dizendo que não tinha ninguém no apartamento em questão, e eu confirmei que era verdade.
O motivo do corte?
Duas contas atrasadas.
Disse a eles que os moradores além de ocupados eram esquecidos.E que se ele esperasse algumas horinhas,um deles chegaria,pagaria a conta e ele não precisaria desligá-la e religá-la mais tarde.
A simpatia naqueles rostos não era impressão.
Eles concordaram que deveria ser esquecimento mesmo, e que acontece com várias pessoas. Contaram alguns casos em meio a risadas. Falaram pra eu ligar pra um deles e que dariam preferência a esse ‘causo’.
Tentei mais alguns argumentos. Entre eles “mas os meninos são bonzinhos...”- o que fez o mais velho deles rir.
Todos em vão.
Estávamos ambos fazendo nossas partes. E a deles era cortar a luz.
Enquanto eu me entretinha com o moço engraçado, o outro já havia feito o serviço.
Me levaram no papo.
Pediram pra que eu entregasse um papel aos moradores do 0X,ou então que enfiasse por debaixo da porta,e foi o que eu fiz.
Troquei mais alguns minutos de conversa com os dois homens.
Riram da minha preocupação.
Mas querendo ou não a luz foi cortada.
Eles avisaram que estariam por perto e que logo voltariam.
( assim que contas fossem pagas)
Me despedi deles.
E antes que eu subisse pra enfiar o informante por debaixo da porta, o moço engraçado me disse:
- Moça,você é engraçada.
Já estava de saída.
Desci as escadas avermelhadas dando rumo ao meu dia.
Ao abrir a porta vejo dois homens uniformizados e de capacete – o bolso da camisa trazia o bordado: AES ELETROPAULO. Os rostos eram simpáticos e responderam ao meu ‘bom dia’ com a simpatia esperada.
Pediram pra entrar.
Eu, como um poço sem fim de perguntas, indaguei o motivo da visita.
- A gente vai cortar a luz, moça.
Respondeu o mais novo dos homens, com um rosto naturalmente cômico e com as orelhas achatadas pelo peso do capacete.
- De que apartamento, moço? – respondi instantaneamente
- Apartamento 0X. Disse ele.
- Mas moço o 0X não pode. Retruquei rindo.
- É o seu? Perguntou ele assustado.
- Não. Disse eu – é do meu vizinho – o que não era surpresa pra nenhum dos três naquela manhã.
- Ele continuou dizendo que não tinha ninguém no apartamento em questão, e eu confirmei que era verdade.
O motivo do corte?
Duas contas atrasadas.
Disse a eles que os moradores além de ocupados eram esquecidos.E que se ele esperasse algumas horinhas,um deles chegaria,pagaria a conta e ele não precisaria desligá-la e religá-la mais tarde.
A simpatia naqueles rostos não era impressão.
Eles concordaram que deveria ser esquecimento mesmo, e que acontece com várias pessoas. Contaram alguns casos em meio a risadas. Falaram pra eu ligar pra um deles e que dariam preferência a esse ‘causo’.
Tentei mais alguns argumentos. Entre eles “mas os meninos são bonzinhos...”- o que fez o mais velho deles rir.
Todos em vão.
Estávamos ambos fazendo nossas partes. E a deles era cortar a luz.
Enquanto eu me entretinha com o moço engraçado, o outro já havia feito o serviço.
Me levaram no papo.
Pediram pra que eu entregasse um papel aos moradores do 0X,ou então que enfiasse por debaixo da porta,e foi o que eu fiz.
Troquei mais alguns minutos de conversa com os dois homens.
Riram da minha preocupação.
Mas querendo ou não a luz foi cortada.
Eles avisaram que estariam por perto e que logo voltariam.
( assim que contas fossem pagas)
Me despedi deles.
E antes que eu subisse pra enfiar o informante por debaixo da porta, o moço engraçado me disse:
- Moça,você é engraçada.
O mistério do(s) planeta(s)
“Vou mostrando como sou /E vou sendo como posso/Jogando meu corpo no mundo/Andando por todos os cantos/E pela lei natural dos encontros /Eu deixo e recebo um tanto/E passo aos olhos nus ou vestidos de luneta/Passado/presente/Participo sendo o mistério do planeta.”
O homem.
Os homens.
O Planeta. Os mistérios.
O mundo/Os mundos.
Cada ser com seu mistério. Cada qual em seu mundo. Cada homem em seu mundo misterioso. Mundo construído de vontades, paixões, tristezas, decepções, aprendizado, imaginação, compreensão, introspecção, abraços, sorrisos e lágrimas.
Os denominados ‘Homo Sapiens’, os mais desenvolvidos dos animais. Os pensadores.Os mais contraditórios.Constroem e destroem.
Sociais por natureza. Constroem famílias. Sociedades. Seus próprios mundos. E se tornam assim anti-sociais. Cada um dentro do seu espaço. Não compartilham suas angústias, tampouco seus sorrisos. O Homem sábio decidiu ser um sábio só. Um sábio dentro do seu mundo particular. Movidos apenas pelo tempo e as leis impostas pela sociedade.
A sós em sociedade. Sociedade formada por inúmeros mundos particulares. E cada vez mais particulares. Onde há a massificação de idéias e sentimentos. Onde cada um apesar de ter seu próprio mundo é tratado apenas como mais um. Onde se morre apenas mais uma vítima de uma bala perdida. Esquece-se que este, era um mundo inteiro, um mundo de sonhos e desejos.
Procura-se a cada dia descobrir um novo planeta, uma nova estrela, chegar à lua e quem sabe ao sol. Queremos descobrir vida fora da Terra. Investimos toda a nossa sabedoria em equipamentos que possam nos levar a mais lugares, mais rapidamente, a atravessar mares e quem sabe andar sobre as águas.
Procuramos vida em Marte e esquecemos-nos das vidas do nosso planeta Terra. Fechados em nosso mundo procuramos coisas na imensidão do céu quando seria mais fácil apenas olhar ao redor e se deixar permear por outros mundos. Mundos com olhos, bocas, orelhas, pernas. Um mundo com sentimentos, com dores e amores. Um mundo chamado José, Cristina, Ricardo, Abelardo. Um mundo que pensa e sente.
O homo sapiens deveria se reconstruir como mundo. Reconstruir a sociedade como um conjunto de mundos que precisam do contato como combustível ao que chamamos de vida. Precisamos ser sábios a ponto de saber que não precisamos da mais fina tecnologia pra se chegar mais rápido ao nosso destino. Destino esse que nem sabemos se realmente existe. Precisamos nos distrair nessa caminhada, observando mundos, permitindo a invasão positiva dos mesmos para assim construir o nosso mundo com menos velocidade e mais intensidade. Já não mais na nossa particularidade, mas em conjunto.
Aprendendo com todos os seres.
Com o silêncio dos peixes,
Com a liberdade dos pássaros,
Com a ousadia de um rato,
Com a inocência de um pato.
Aprender também com todas as situações.
Fazer do risco uma oportunidade pra se arriscar.
E pra gritar.
Fazer da janela um livro.
Da chuva uma cachoeira.
De braços um travesseiro.
Abrace mundos e permita-se ser abraçado.
Vá à padaria e sorria pras pessoas na rua. Descubra seu mundo mesmo que imaginado.
( Tom Jobim – expôs seu mundo, abrigou mundos,construiu e se reconstruiu,rodeado dos mais belos e densos mundos,se permitiu e nunca mentiu :
“Fundamental é mesmo o amor,
É impossível ser feliz sozinho...” )
O homem.
Os homens.
O Planeta. Os mistérios.
O mundo/Os mundos.
Cada ser com seu mistério. Cada qual em seu mundo. Cada homem em seu mundo misterioso. Mundo construído de vontades, paixões, tristezas, decepções, aprendizado, imaginação, compreensão, introspecção, abraços, sorrisos e lágrimas.
Os denominados ‘Homo Sapiens’, os mais desenvolvidos dos animais. Os pensadores.Os mais contraditórios.Constroem e destroem.
Sociais por natureza. Constroem famílias. Sociedades. Seus próprios mundos. E se tornam assim anti-sociais. Cada um dentro do seu espaço. Não compartilham suas angústias, tampouco seus sorrisos. O Homem sábio decidiu ser um sábio só. Um sábio dentro do seu mundo particular. Movidos apenas pelo tempo e as leis impostas pela sociedade.
A sós em sociedade. Sociedade formada por inúmeros mundos particulares. E cada vez mais particulares. Onde há a massificação de idéias e sentimentos. Onde cada um apesar de ter seu próprio mundo é tratado apenas como mais um. Onde se morre apenas mais uma vítima de uma bala perdida. Esquece-se que este, era um mundo inteiro, um mundo de sonhos e desejos.
Procura-se a cada dia descobrir um novo planeta, uma nova estrela, chegar à lua e quem sabe ao sol. Queremos descobrir vida fora da Terra. Investimos toda a nossa sabedoria em equipamentos que possam nos levar a mais lugares, mais rapidamente, a atravessar mares e quem sabe andar sobre as águas.
Procuramos vida em Marte e esquecemos-nos das vidas do nosso planeta Terra. Fechados em nosso mundo procuramos coisas na imensidão do céu quando seria mais fácil apenas olhar ao redor e se deixar permear por outros mundos. Mundos com olhos, bocas, orelhas, pernas. Um mundo com sentimentos, com dores e amores. Um mundo chamado José, Cristina, Ricardo, Abelardo. Um mundo que pensa e sente.
O homo sapiens deveria se reconstruir como mundo. Reconstruir a sociedade como um conjunto de mundos que precisam do contato como combustível ao que chamamos de vida. Precisamos ser sábios a ponto de saber que não precisamos da mais fina tecnologia pra se chegar mais rápido ao nosso destino. Destino esse que nem sabemos se realmente existe. Precisamos nos distrair nessa caminhada, observando mundos, permitindo a invasão positiva dos mesmos para assim construir o nosso mundo com menos velocidade e mais intensidade. Já não mais na nossa particularidade, mas em conjunto.
Aprendendo com todos os seres.
Com o silêncio dos peixes,
Com a liberdade dos pássaros,
Com a ousadia de um rato,
Com a inocência de um pato.
Aprender também com todas as situações.
Fazer do risco uma oportunidade pra se arriscar.
E pra gritar.
Fazer da janela um livro.
Da chuva uma cachoeira.
De braços um travesseiro.
Abrace mundos e permita-se ser abraçado.
Vá à padaria e sorria pras pessoas na rua. Descubra seu mundo mesmo que imaginado.
( Tom Jobim – expôs seu mundo, abrigou mundos,construiu e se reconstruiu,rodeado dos mais belos e densos mundos,se permitiu e nunca mentiu :
“Fundamental é mesmo o amor,
É impossível ser feliz sozinho...” )
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