domingo, 30 de outubro de 2011

O fato de pintar minhas unhas de vermelho não significa que esteja alegre, mas sim que é por elas que sangro.
Como se fosse meus dedos cada gota de sofrimento do mundo.
Nenhum aceto etílico pode removê-las.
Nada as suga, nem as seca.
Quero deixa-las expostas.
Quero que as veja, mas que as interprete como pura felicidade.
Jamais te deixarei perceber o gosto amargo que me habita.
Morda seus lábios e engula meu sorriso entre dentes.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Insisto em gastar contigo minhas palavras
nunca mais gastei meu batom.
Você usa cada sílaba
da minha simples poesia
sem rima,
mas tem meu cheiro, meu sentimento.
Você nunca a engole, muito menos a mastiga
quando muito, a cheira.
Me faz entender que não quer mais ouvi-las,
não finja,
nem me faça mais joga-las ao vento,
que quando muito, faz delas adubo.

sábado, 22 de outubro de 2011

Encaixa-te numa alma que já foi tua um dia, mesmo a custa de lágrimas e dores.
Mesmo que custe alguns gritos e algumas reprovações.
Nunca deixe você mesmo de lado, muito menos pra trás.
Arranha-te, mas nunca te corta.
Compreenda, mas não te priva.
Chora,mas não te faça morrer engasgado.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Pérola.

Vem, sou pérola.
Me faz chorar como as nuvens.
Afoga-me.
Seu brilho me encanta, faz jóia.
Troca-me por teu dinheiro,
mas nunca,
nunca se esqueça de meu limo.


- Inspirada em observações sorridentes de Lara Cotait.

bebadices...

O poeta pena
e a pena não escreve
o poema de alma pequena.
Mas molha na tinta.
Inspira.
No pássaro, na andorinha.
Vôa.
Não esquece tua pena.
Senta nela e vai.

22:01

Completando doces palavras de Gaya Cunha ou Castro, como preferir.

bebadices...

Não quero iludir-me com tuas músicas,
tuas notas, teus verdes olhos.
Teus beijos são secos,
não adubam meus sonhos.
Vai-te embora, faz-me livre.
Tira-me o que é teu. Somos dois incompletos.
Seja você e permita que eu seja eu.

- Com toques essenciais de Gaya Cunha.

bebadices...

Hoje sou mais triste, como borboleta que deixa de ser larva.
Não quero deixar meu casulo,
tenho medo de voar.
Só teu sopro encoraja minhas asas.
Me enoja as flores.
Só me é doce teu pólen.
Não quero ser mel se não for pra tocar teus lábios.

Desde que o samba é samba é assim.

Segura meus pés,
não quero mais esse suor.
É mais forte que eu, vem de onde não sei.
Toma-me, sambo.
Torno-me pandeiro, faço-me cuica.
Peço a benção a Cartola, entrego-me.

...

Enquadro-me como numa fotografia.
Faço me feliz; sorrio, engano.
Sei que sabes de tudo,
mas respeita-me, tenho sentimentos, mesmo que fingidos.
Não te faça superior,
mesmo que pequena, projeto-me longe.
Faço- me fumaça, espalho-me.
Mesmo assim, de olhos encharcados,
estarei aqui,me espera amadurecer.
Amadurecer como se faz com a manga.
Mas não me deixa na fruteira :
Ou me deixa apodrecer no pé,
ou me faz alimento.

Manuscrito de mesa.

Regado a azeite.
Assado em fogo brando.
De longe cheira-se as ervas finas.
Vem, traz o vinho.
Enche minha taça.
Vamos juntos invocar Baco.
Puxe a toalha, em meu colo deita-te.
Faça de mim sua melhor refeição.

21:52pm

domingo, 9 de outubro de 2011

O gosto amargo do café adoça a vida,
colore os dentes.
Pela manhã pede manteiga,
a tarde, um cigarro
e pela noite, muito cuidado pra ele não te espantar o sono que tem medo do escuro.
De cheiro afrodisíaco,
essencial quando quente,
repulsivo quando gelado.
Desperta-me.
Ou então põe-me em sono á sombra de tua árvore.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

"Olhos cegos de pensamentos
onde tudo se esconde atrás das cortinas.
Cortinas líquidas,
de lágrimas,
de sal.
Angústias atrapalhadas,
empalhadas,
sem cor.
Segue-se o barulho,
o som agudo e roco dos passos dolorosos do homem sem voz.
(...)
Depara-se com as janelas escancaradas.
Rasgou as cortinas,
tomou impulso
- movimentação de ar.
Sem mais barulho.
Fim elegante.
(...)