domingo, 18 de julho de 2010

o valor de dias incertos.

Há semanas atrás ,antes de entrar em férias tinha me decidido a fazer do ócio dos meus dias dias de reflexão.Tinha me decidido por me doar a caridades ou a um simples jardim.Tinha pensado em algo grandioso,bordado de gargalhadas,mas os dias me trouxeram surpresas.Foram dias sem bordado algum,tive desejos afogados,não em lágrimas,mas em amarguras.Sinto até que deixei pessoas que precisavam de mim de lado.Abracei algumas convicções sem nexo.Me enrolei numa manta de silêncio e duvidei de alegrias.
Fiz dos meus dias um silêncio sem áurea que preocupava alguns seres sensíveis ao meu redor.Seres que se acostumaram a me ver entregue a sorrisos e olhares caloros.Os dias também me trouxeram uma decisão de um peso que achei que não fosse aguentar.Foram noites de insônia,isso aumenta quando se vai deitar-se antes mesmo das dez da noite,tendo o travesseiro como seu maior cúmplice.
De amigos nada sabia,nem procurava saber.Me decidi que se quisessem me ver teriam de me procurar.Foram vários telefonemas,alguns convites negados.Até fui surpreendida pela visita de um amigo do passado,semente bem plantada,numa época de terra árida.
Outros dias vieram,também em silêncio.Até mesmo o sono me evitava.
Pela minha cabeça passavam idéias e problemas.Sentia falta do passado,daquele meu passado cantado.Mesmo assim, ao me sentar entre velhos amigos me sentia deslocada.Eu sabia que o problema era só um e era meu.Havia uma grande indagação.Algo dentro de mim pedia socorro.
Briguei com pessoas queridas,ouvi o que eu não queria ouvir,algumas coisas ainda não concordo.
Decidi,então, me tornar uma pessoa diferente,mas fui tomada pelo meu verdadeiro eu ao primeiro telefonema de um outro amigo que ao tomar uma grande decisão teve a delicadeza de me avisar,era só mais um que voava,só que dessa vez pra mais perto.
Entre mil pensamentos,continuava em silêncio.
Até que todo esse silêncio começou a me machucar não só a mim.
Algumas lágrimas de extrema doçura caíram sobre mim e acalentaram meu sono.
Voltei com os pés no chão e estou me reacostumando a tentar viver os dias,percebi que meu rosto já havia se desacostumado a sorrisos sinceros.
Apesar de tudo,ainda me resta uma semana.
Parto pela manhã a um pedaço de paraíso com ares gelados e de um céu único.A companhia não podia ser melhor pra quem quer reaprender a ser quem é,mas com algumas mudanças essencias.
Vou sorrir pro sol e pra lua.Tentar decifrar os desenhos das estrelas e que elas me mostrem o melhor caminho.
Que o frio da serra nos acolha e nos deixe senti-lo,afinal,
pés frios...coração quente!

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Metade

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

Tais palavras de Oswaldo Montenegro são o que melhor me traduz
ou pelo menos da metade.

beijos & beijos